sexta-feira, 31 de maio de 2013

Ser Criança

Ser-se pessoa implica a passagem por esta época ou fase, mais ou menos duradoura, chamada de infância.
Todos, sem exceção já o fomos.
Outros dizem que o são pela vida fora.

Ser criança supõe inabilidades várias e um mundo de aprendizagens obrigatórias na vida social.
Sujeito a poderes paternais ou outros, a criança é uma pessoa que requer cuidados específicos.
O seu desenvolvimento deverá contemplar todas as vertentes.
Findo o crescimento corporal, deixa-se de ser criança?
O fim da adolescência marca o seu término?

O conceito é vasto e varia com as culturas e tradições associadas.

Por aqui tendemos a prolongar esse espaço de tempo para além do que os especialistas na matéria recomendam.
Existem cada vez mais jovens ou adultos de meia idade a dependerem dos pais, com o cordão umbilical ainda a pulsar.

É matéria controversa.
Sei, por experiência própria, que o tal corte no cordão ocorre de certeza com a 'morte' do progenitor.
Não há volta a dar.
Nessa ocasião sofrida, a criança que habita dentro de nós definha porque se torna indispensável tornarmo-nos adultos.
Pode-se continuar a gostar de aprender, encerrar uma ingenuidade infantil, mas ser criança?
Muito dificil...ou impossível.

Num mundo ideal todas as crianças, sem exceção, o deveriam ser em plenitude.
 Os afetos e as brincadeiras seriam os seus primeiros companheiros.

Que cada um faça o que lhe está ao alcance no contributo da formação dos adultos do futuro!


quinta-feira, 30 de maio de 2013

Da Indiferença !




Do rol enorme de sentimentos, que enchem o baú humano dos afetos, a Indiferença talvez seja o mais malévolo.




Pior do que o ódio, a feiúra, a heresia ou a morte.
Tenho de concordar com o Wiesel.

Ficar indiferente, tornar-se indiferente pode magoar mais que palavras tóxicas ou agressões de qualquer género.

É uma total insensibilidade, desapego, desamor, desinteresse que roça o desprezo.

Salvaguardando o caso de patologias onde a indiferença pode ser sintoma, creio que requer aprendizagem e treino.

A mim dava-me um jeitão atingir  um patamar  desta 'senhora escadaria'.
É-me montanha inacessível e lamento esta lacuna em mim.


P.S. Encontrei este pensamento do pouco citado antigo governante do nosso país.
Já sei que é odiado (na generalidade), mas como vejo outros igualmente não amados a regressarem e fazerem furor ou bem instalados pelo estrangeiro, deixo-vos um pensamento dele.
Que pensam?





quarta-feira, 29 de maio de 2013

Nudez


Dispo-me à luz crua do teu olhar.

Na tua observação despojada
somos almas desnudas.

Lês-me autenticidade cristalina.
Sou unicamente eu.

Sinto-te na limpidez do teu corpo
que comunica com o meu.

Eis-me nua de máscaras.

Inteiramente perfumada nos sentidos.

Pele ávida pelo teu toque.
Boca a gritar  pelo teu sabor.
Nariz a inspirar teu doce aroma de desejo.
Ouvidos a reclamarem os teus gemidos de prazer.
Olhos que te procuram no essencial.

Eis-me nua do supérfulo.

Encara-me e diz-me se te adivinho,
se estou certa.

Ousemos a nudez e deixemo-la cantar melodia de enfeitiçar
 embalando o nosso íntimo nu.
Entra  no baile das emoções  imaculadas.

Tão somente desvestidos 
de conveniências
saberes passados
heranças incómodas.

Vem!
Para o leito da nudez.



terça-feira, 28 de maio de 2013

***simples***



Na simplicidade de ser simples
sou simples, simplesmente.

Vagueando por sonhos livres
sonho-te, simplesmente.

Simples é o mar onde te navego
a onda com que te entrelaço.

Simples é o prazer que resta
no corpo depois do amor.

Tamanha  grandeza, esta,
a de ser simples.

Atrevo-me a ser simples,
simplesmente.




segunda-feira, 27 de maio de 2013

Na floresta !


Na selva inóspita, por entre os rugidos das feras, 
escondo-me no matagal denso.

Ruídos cavernosos arrepiam-me a alma em soluços frios.

Temo aventurar-me por trilhos incógnitos,
morada de entes maléficos.

A floresta engole-me 
acompanhada por tragos doces de bruma.

Enrolo-me em mim e anseio por um sonho.

O abismo acena-me das trevas que se avizinham.

Entro na dormência do bosque dos pesadelos e
aguardo . . .




domingo, 26 de maio de 2013

É o teu Dia !


Hoje as palavras fogem-me!

Como gostaria de colher as mais bonitas e com elas formar um belo ramo de versos.

Para te oferecer, Pai!

Não o consigo.

Desculpa-me!


Podias estar de mãos vazias, mas o teu amor extravazava sempre.

Em forma de letras bem desenhadas oferecidas em papel que não importava a origem.

Em olhares húmidos no salgado das lágrimas que tentavas disfarçar.

Ou simplesmente ao telefone onde a tua voz se embargava e os silêncios diziam tudo.


Saudade é pouco para expressar o que me percorre o corpo e me tolda pensamentos.

Foste, És, o Homem da minha vida.

O meu sustento, consolo e orgulho.

A minha bússula preciosa, perdida no tempo.

Simplesmente é-me impossível ser Eu sem ti, Pai.

Falta-me pedaço . . . incompleta . . .

. . . resta-me sentir-te no sabor salgado que me chega à boca.

É o meu beijo para ti !



sábado, 25 de maio de 2013

A Vela




Movimento-me sem sombra.

Na escuridão o instinto acaricia-me a mão.

Permito a orientação cega do olhar.

Pesa-me o silêncio sombrio,
a ausência de cores.

Caminho neste corredor sem paredes
onde os inúteis sentidos me abandonaram.

Inspiro o ar em busca de cheiros,
quiça do teu.

Em tempo sem horas
canso-me na perdição vestida de trevas.

Procuro a luz redentora duma vela
onde sou a cera e tu o pavio.

No encontro insuspeito
eis que careço de faísca, somente.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Diferenças . . .No Género . . .



Sem novidade alguma as diferenças óbvias entre homens e mulheres!
Existem questões genéticas, culturais, sociais, económicas, politicas, sociais  e sei lá eu de que categorias mais para que assim seja.
Somos diferentes no género havendo similaridades que se constatam sem regras.
Estudos acerca do assunto, há-os os milhares.
Enquanto seres racionais, desde os primórdios da humanidade, é tema que nunca saiu de moda.
Pudera!
Trata-se de cada um de nós, nascido, educado e com as hormonas a penderem para um dos lados.
Não menosprezando os fatores externos como o ambiente, observo que o material (físico, emocional, psicológico) com que nascemos se revela muito importante ao longo da vida com influência diversa, consoante a fase da vida em que nos encontramos.

Tendo em consideração estas divagações e o senso comum, permito-me pensar que o género masculino mostra uma maior propensão para o domínio, a competição e possui uma auto-estima elevada ou é treinado para proceder como se a tivesse.
O seu espelho devolve-lhe sempre uma imagem melhorada e retocada, quiça no photoshop.
O género feminino prediposto à conversa (a culpa é da parte do cérebro dedicada à comunicação ser maior do que a do seu irmão de espécie), instintivamente, é mais protetora.
A sua parte animal deixa que os machos lutem entre si e por si.
A competição no feminino fica-se pelas raivinhas, ciúmes, mais ou menos doentios, e briguinhas que não lhes fica nada bem.
Até se costuma dizer que as mulheres não sabem lutar. só puxam cabelos e exercem vinganças no secretismo do anonimato.
São mazinhas, conseguem-no ser, se assim o quiserem.
Os homens não.
Incham o peito, lançam mão de um palavrão ou de um ferro se for disputa de trânsito e atiram-se à luta.
São homens valentes, de barba rija, pois então!
E, com tudo isto, o género feminino, apesar de mais extrovertido, é mais vulnerável.
Sabendo da importância da sua imagem na sociedade está sempre insatisfeita.
Percorre os caminhos que a praxe lhe impõe.
Tenta ser magra quando as tendências sopram desse lado, engorda se as preferências alheias indicarem esse sentido.
No meio disto tudo quantas vezes se perde, deixa de ser ela própria e as depressões asim como outras patologias podem surgir.
Desnecessariamente.
Em pleno sec.XXI a história já nos demonstrou que o sermos humanos está para além do sexo.
Pessoa na sua essência.
Inteira.
Fiel a si própria.
Eis o que cada um de nós deveria almejar.
Sem fronteiras delimitadas pelo género.
As diferenças atuariam livremente e no respeito e tolerância social poderíamos ser mais felizes.
Isto seria Bom, muito Bom!

Comece-se por ser o/a melhor amigo/a de si próprio e depois as relações com os outros fluirão, na certa.
As particularidades enriquecerão cada um pois a diversidade ensina.
O pior talvez seja o Incontrolavel que habita cada  um de nós.
Somos seres pensantes, mas  creio que a maioria das nossas ações não passam pelo centro decisor.



quinta-feira, 23 de maio de 2013

À Beira-Mar . . . a Onda !



A areia desalinha-se
no espumar brincalhão da onda.

Marota desafia a beira-mar
num vai e vem incerto.

Ora envolve uma concha desprevenida
ora vira um caranguejo desprevenido.

Com as manas forma
um turbilhão manso de águas salgadas.

Naquela maré vazante
toca nos búzios,
abandonando os grãos húmidos.

Voltará em alegre enrolar
dar de beber à areia sequiosa
espraiando-se em promessas cíclicas.


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Para todo o Sempre . . .



Para todo o Sempre . . .

     - Abrasa-me no aconchego dos teus braços.

     - Enlouquece-me na avidez da tua boca.

     - Transmuta-me no processo de me amares.

     - Envolve-me na humidade do teu suor.

     - Confeciona-me em manjar apetecido da tua gula.

     - Torna-me espelho dos teus desejos.

     - Possui-me no ventre do teu prazer.
 
     - Enfurece-me na raiva da tua ira.

     - Beija-me no recanto do teu silêncio.

     - Penetra-me na profundidade do teu recanto.

     - Torna-me melodia na luxúria da tua música.

     - Adoça-me no mel de ti.

     - Toca-me . . .

        . . . para todo o sempre . . .
              não te desvies um milímetro  

     - Habita-me em pleno . . .  na eternidade . . . para todo o sempre!



terça-feira, 21 de maio de 2013

De Corpo & Alma



Minha alma voa por ares límpidos.
Em revoadas ternas abraça o seu corpo.
Um vulto na silhueta da carne.
Juntos formam-me um todo, Eu.

Sou espíríto livre surfando as ondas do céu.
e
Sou organismo vivo alimentado-me da terra.

Dualidade em assembleia reunida.
Sem votos, nem discussões.
Quereres, vontades, desejos e formas diferentes.
Que importa?

Em unamidade, alma e corpo.
Entrelaçados no cheiro e sabor de mim.

Completam-se em diálogos sussurados,
na minha intimidade, oferecendo-me sorrisos,
prantos e mais do que suponho.

Ternura formada no sangue e sonho que Sou.

(re)Inventam-me em recomeços aéreos ou enraízados
nas incertezas do solo que piso.




segunda-feira, 20 de maio de 2013

Na intimidade do Beijo



Já aqui falei dele e até da comemoração do  mesmo. 
No entanto, há sempre assunto acerca de tal manifestação de afeto
Trata-se de um gesto duma cumplicidade ímpar. 
Encerra paixão, amor, imortalizado em pensamentos, corações e no cinema.
Deixo de fora os beijos de amizade, entre familiares, provas de afetos sem o turbilhão de desejos apaixonados.
Constata-se que, mesmo entre os profissionais do sexo, há os que recusam beijar os clientes com receios de se apaixonarem. 
Quer isto dizer que o beijo é mais íntimo do que os próprios atos sexuais nas suas diferentes vertentes.
Parece que sim !
O beijo é  ato de índole tão pessoal e privada que não é algo que se dê de qualquer forma.
Até nas trocas comerciais relacionadas com o sexo o beijo apaixonada pode não ser vendável.
Talvez pela proximidade de faces ou de bocas se revelar uma preciosidade manifestada numa nudez da alma.
Um beijo apaixonado pode marcar mais que outras partilhas, supostamente mais íntimas.
Lá isso pode !
Talvez o ideal seja a associação dele com outros comportamentos amorosos.

domingo, 19 de maio de 2013

Fantasia Real


Reinar por tuas terras,
ser senhora de mim
em ti.

Coroar-me com diadema,
vestir-me de grinaldas
de ti.

Saciar desejos impetuosos,
na sofreguidão do prazer
em ti.

Habitar em castelos
perfumados no ouro
de ti.

Sublime soberania,
ser rainha
por ti.




sábado, 18 de maio de 2013

" ODIAR "



Comentava uma blogger amiga e, depois de usar a palavra "odeio", uma campainha disparou nesta cabecinha ventosa.

Logo eu!

Que tenho certezas de não incluir o tal verbo no meu vocabulário, quer nas palavras ou no coração, morada de pensamentos, intenções e outros sentires.

ODIAR !

Está para o "Não Gostar" como o AMAR para o "Gostar".
Um desembocar de estremos.
É o desagrado no seu máximo, com laivos do 'desejar o mal ao outro'.
O Mundo enche-se de pessoas, situações, locais de  formas e feitios vários.
Assiste-nos o direito de não gostarmos assim como os outros assumem as suas particularidades.

A conversa já me está a levar para os campos da Tolerância, Respeito e Aceitação. Prefiro-os !

Odiar - Uma palavra a não ser usada banalmente.
É poderosa e pode ser destrutiva.
Bem vistas as coisas há um (c)sem número de coisas que me desgostam, irritam e por aí fora, mas 'Odiar'?
Nãaaaa !
Odiar não é para mim.
Faz-me mal !

Por outro lado, 'Tudo' existe independente de mim. 
Eu é que valorizo e nutro sentimentos como me apraz,, de acordo comigo, embora a maioria das vezes culpe o exterior.

As simpatias e antipatias moram exclusivamente em mim.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

no Fim . . .



Chove...e não me importo.
Ou melhor...cansa-me mais do que me incomoda.

Está frio.
Como as entranhas de mim.

Farta, estou farta.
Quero rumar a outras paragens.
Sentir brisas desconhecidas.

Não posso.

Aprisionada no invólucro que fiz por medida.

Oh! Como me detesto!

Resta apenas aguardar a morte, a doce não existência!


quinta-feira, 16 de maio de 2013

A casa dos Afetos


Comecei a construção da minha casa pelo telhado.
Nela empreguei todo o Amor disponível na cobertura.
As paredes de ternura foram cimentadas na solidariedade.
Nas estruturas o otimismo solificou-se em personalidade tolerante.
A compaixão espelhou-se nos vidros transparentes da paixão.
As janelas desenhadas na simpatia distribuiam sorrisos.
Pelas portas, a madeira da amizade robustoceu  entradas francas.
Pintei-a nas cores da esperança e perfumei-a de meiguice.
Os acabamentos de sonho perdiam-se em afetos múltiplos,
de todas as espécies.

Já me visitaste? Na casa nova ?

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quarta-feira, 15 de maio de 2013

O que é Meu ! ?



Que me importa ?

O teu desdém pelas minhas palavras multiplicadas ?

A tua opinião corrosiva da minha sensibilidade ?

A tua racionalidade carrasca da minha emoção ?

As tuas certezas quererem aprisionar as minhas dúvidas ?


Que me importas ?

Porque te valorizo ?


Se só em mim me encontro
no labirinto dos afetos desgarrados.

Se sou onda que vem beijar a areia
de forma nunca igual.

Se baloiço no regaço do Porquê
e nele encontro quietude.


Sou guerreira medrosa
nesta guerra de forças ambivalentes, desiguais.

A derrota poderá ser minha,
chegarei ao fim da jornada desfragmentada,
mas não me importa.

Reúno estes pedaços que sou Eu
e parto em voo incerto . . . sem Ti !

Porque não te importas de mim.


No Vale


"Sombrio o vale que percorro.
As árvores susurram-me desamores, 
impossibilidades que abrem feridas em mim.

Aventuro-me na fuga para longe.
Sem rumo, perco-me,
caindo no mesmo vale sombrio."



terça-feira, 14 de maio de 2013

. . . murmuras desejos . . .



Murmuras desejos na minha pele.

No corpo que me pede lábios húmidos.

Desnudo-me sob o teu olhar faminto.

Ao correr as cortinas na contra-luz desenhas-me a silhueta.

Tateio o teu sabor na penumbra excitante.

Sussurro sílabas gemidas na loucura do mar salgado.

Somos nós !

Navegamos no balanço das ondas do prazer.
Meu . . . Teu . . . Nosso !

Em oceano revolto perdemo-nos
em desequilíbrios próprios das vagas que nos fazem morrer.

Ressuscitamos  com a boca cheia de algas sabendo a maresia.

Prendo-me ao mastro de velas profanadas
e naufragamos em ilha deserta.

Exausta, procuro-te no areal da noite,
na sombra e tu . . .
. . . murmuras desejos na minha pele.





segunda-feira, 13 de maio de 2013

A semente



Atirada à terra no vento intempestivo
choro na escuridão do ventre da mãe.

Sinto o cheiro da chuva que me acaricia
suavemente no corpo abandonado.

A pele seca-se-me na aridez do solo
que me aprisiona nesta masmorra sombria.

No torpor instalado deixo-me adormecer
esquecida de mim, da vida que grita ao longe.

Desperto no desabrochar manso de hastes,
filhas do ser Eu, rompendo esperanças frescas.

Sou recebida nos braços do Sol,
acalentando-me nas inseguranças da criação.

Cresço para florescer em perfumes renovados
invadindo chão despido no olhar do inverno.

Sou semente garota gargalhando ao cobrir campos
brilhantes na cor do alívio amansado da primavera.